domingo, 5 de abril de 2009

Atividade 4 - Relevância Temática

Encotram-se abaixo os títulos e respectivos resumos dos 3 trabalhos que escolhi para essa atividade. Ao final de cada resumo, o meu comentário acerca do estudo e minhas justificativas para as escolhas.

Título: A contribuição da neurolinguistica discursiva para a fonoaudiologia na construção de um novo olhar sobre a linguagem de sujeitos cerebro-lesados.
Resumo: A linguagem de sujeitos cérebro-lesados é um tema comum à Neurolingüística Discursiva e à Fonoaudiologia tradicional-hegemônica. Contudo, a Fonoaudiologia tradicional-hegemônica a interpreta exclusivamente como sistema de signos lingüísticos homogêneos, enquanto que a Neurolingüística a vê também como processo de significação e de subjetivação. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi compreender como se deu a formação do domínio do saber da Fonoaudiologia sobre a linguagem, bem como apresentar contribuições da Neurolingüística para a construção de um novo olhar sobre a linguagem de sujeitos com episódio neurológico. Para tanto, foi realizada uma investigação bibliográfica sobre o surgimento da Fonoaudiologia no Brasil, observando a co-ocorrência desse acontecimento com fatores históricos, políticos, econômicos e teórico-científicos. Foi feita, ainda, uma análise de enunciados de estudos realizados nestes últimos treze anos na Fonoaudiologia que abordam a linguagem em sujeitos cérebro-lesados. Por fim, foram apresentadas cenas enunciativas entre uma fonoaudióloga e alguns sujeitos com lesão neurológica e, a partir delas, foram analisados os processos da linguagem que, tradicionalmente, são interpretados como condições patológicas. Foi possível observar que a Fonoaudiologia surgiu a partir um modelo hegemônico da Medicina higienista e normativa, apoiando-se no mecanicismo empírico de produzir ciência, fato este que ainda consta das pesquisas tradicional-hegemônicas produzidas nessa área. Observou-se, ainda, que a Neurolingüística traz contribuições importantes para a Fonoaudiologia favorecendo a constituição de um espaço terapêutico fundamentado essencialmente na alteridade, na especularidade e na complementariedade. Além disso, esclarece a relação normal-patológico da e na linguagem, compreendendo os momentos de estereotipias, ecolalias e silêncios no fio discursivo como acontecimentos lingüísticos, inerentes à (indeterminação da) linguagem e que servem para o sujeito cérebro-lesado como recurso lingüístico para garantir a efetividade do seu dizer.

Comentário: Com o significativo aumento na rede de cuidadores que envolvem a pessoa cérebro-lesada hoje em dia, a fonoaudiologia cada vez mais vem ocupando seu espaço na atenção e cuidado com esses pacientes.
O surgimento da Neurolingüística discursiva possibilitou que profissionais da área da linguagem (lingüistas, fonoaudiólogos e neurocientistas) pudessem lançar um outro olhar a esses sujeitos: um olhar de complementariedade, que busca o que ainda permanece intacto, o que ainda pode ser trabalhado objetivando novas conexões e possibilitando uma comunicação fluente e produtiva.
Estando na área, tenho conhecimento de que muitas outras universidades por todo o país, que não só a UNICAMP, vem fazendo uso da teoria da neurolingüística discursiva, remodelando suas maneiras de trabalhar com sujeitos cérebro-lesados.
Nesse sentido, entende-se a grandiosa importância de estudos como esse em questão e a necessidade de projeção nacional desses estudos. Dessa forma, justifica-se minha escolha por esse trabalho.


Título: Fenda de lábio e (ou) palato e fonoaudiologia: aspectos de saúde sob a visão da família.
Resumo: INTRODUÇÃO: Fendas de lábio e(ou) palato apresentam alta prevalência e grande complexidade, gerando implicações na alimentação do neonato e, posteriormente, nos aspectos comunicativos e psicossociais. Por estas razões é necessária a assistência por equipe multiprofissional. Nesta equipe, o fonoaudiólogo tem a função de prevenir, tratar e(ou) minimizar os problemas alimentares e comunicativos do indivíduo afetado.
OBJETIVO: Caracterizar a assistência fonoaudiológica aos indivíduos portadores de fenda labial e (ou) palatina de uma amostra de pacientes no Ambulatório de Dismorfologia Craniofacial do Hospital de Clínicas-UNICAMP; caracterizar as orientações alimentares recebidas pelos pais das crianças afetadas no período neonatal. MÉTODO: Os dados foram coletados por meio de entrevista, dirigida por uma única pesquisadora, com pelo menos um dos pais ou responsável legal. Foi utilizado um roteiro, previamente estabelecido, contendo 35 questões. Foram entrevistados 26 pais e (ou) responsáveis por crianças com fenda de lábio e(ou) palato.
RESULTADOS: O atendimento fonoaudiológico foi prestado a 84,61% (22-26), sendo, a maioria, realizado em centros específicos de tratamento a indivíduos portadores de fenda labiopalatal. O atendimento referido foi orientação sobre alimentação e desenvolvimento de fala e linguagem. A terapia fonoaudiológica foi realizada em 50% (13/26), sendo que 53,84% (7/13) a interromperam por problemas geoeconômicos. Quanto à atenção neonatal, as orientações alimentares foram fornecidas ainda na maternidade para 73,08% (19/26) das famílias. Entretanto, isto não garantiu o ganho efetivo de peso para 84,62% (22/26) das crianças, levando ao atraso da correção cirúrgica em 66,7% (12/18) dos indivíduos.
CONCLUSÃO: A assistência fonoaudiológica, tanto preventiva quanto terapêutica foi precoce, porém não periódica. Mesmo realizada em centros específicos de tratamento, isso não garantiu facilidade de acesso, adesão ao tratamento e (ou) manutenção do mesmo. Quanto à atenção neonatal, as orientações alimentares não foram fornecidas na totalidade dos casos. Quando realizadas, foram feitas de maneira aparentemente adequada. Entretanto, esta prática, por si só, não garantiu a eficácia do ganho de peso, o que consequentemente atrasou as cirurgias corretivas. De modo geral, embora a amostra residisse numa região privilegiada, com maior oferta de serviço, foram detectados problemas tanto de acesso quanto de atenção primária. Tendo em vista estes aspectos e a alta prevalência deste defeito congênito, sugere-se a adoção de medidas para melhorar o atendimento primário destes indivíduos, incluindo programa específico no Sistema Único de Saúde. Neste contexto, elaborou-se um texto referente aos recursos alimentares para o lactente com fenda de lábio e(ou) palato, o qual pretende ser útil no seguimento ambulatorial dos afetados.


Comentários: A escolha desse trabalho justifica-se pela principal caracterisca do estudo: a realização de um levantamento estatístico acerca de um acometimento de alta prevalência da população brasileira. A fenda de lábio e/ou de palato necessita de cuidados especiais de uma gama de profissionais, como mencionado no resumo. O fonoaudiólogo está entre esses profissionais essencialmente com a função de trabalhar com os pais aspectos relacionados à alimentação e à linguagem.
Estudos como esse demonstram a ineficiência e até mesmo a inexistência de centros especializados nesse tipo de cuidado na rede pública.
A partir dos resultados desse trabalho pode-se conhecer o que o fonoaudiólogo vem realizando no cuidado com o paciente fissurado e o que ainda não está funcionando.
Acredito que esse estudo seja de grande valia para profissionais da área e também tem a função imediata de orientar fonoaudiólogos quanto ao seu trabalho com pacientes fissurados.
É importante também ressaltar que ao final do trabalho o autor deixa claro que ainda são escassos os recursos físicos e humanos destinados a esse tipo de cuidado na rede publica de saúde.

Título: Avaliação funcional da disfagia de lactentes em U.T.I. neonatal
Resumo: Os objetivos do presente trabalho foram: 1) avaliar a disfagia em recém-nascidos pré-termo, sindrômicos e patológicos, 2) detectar os critérios clínicos na avaliação da disfagia em recém-nascidos pré-termo, 3) analisar a associação dos achados funcionais e videoendoscópicos e 4) mostrar a importância da atuação conjunta entre o fonoaudiólogo e o médico otorrinolaringologista na avaliação da disfagia em recém-nascidos pré-termo, sindrômicos e patológicos.
A amostra foi composta por 15 lactentes nascidos no Hospital Maternidade de Campinas (SP), para os quais houve solicitação de uma avaliação fonoaudiológica por parte do médico neonatologista responsável. Todos os lactentes foram avaliados uma vez pelo mesmo fonoaudiólogo e pelo mesmo médico otorrinolaringologista.
A avaliação funcional da deglutição observou: a) a sensibilidade táctil extra-oral, b) a sensibilidade táctil intra-oral, c) o reflexo nauseoso e d) a movimentação dos bucinadores.
A avaliação da deglutição videoendoscópica analisou: a) sensibilidade na cartilagem aritenóidea, b) o choro, c) a aspiração, d) a queda de saturação e e) a penetração. Utilizou-se o Teste Exato de Fisher para pequenas amostras e cada hipótese foi testada com nível de significância de 0,05.
Ao final do estudo observou-se que existe uma relação de dependência estatisticamente significativa entre as variáveis: 1) aspiração após fase faríngea e a penetração (alta e baixa) e 2) sensibilidade extra-oral nas bochechas e a sensibilidade na cartilagem aritenóidea. Este último resultado mostra a associação entre um achado funcional obtido pelo fonoaudiólogo e um achado videoendoscópico do médico otorrinolaringologista, o que evidencia a importância do trabalho conjunto desses dois profissionais da saúde.

Comentário: A escolha deste trabalho se justifica pelo fato de mostrar claramente a importancia do trabalho em conjunto entre profissionais da fonoaudiologia e da otorrinolaringologia.
Acredito que este trabalho seja de impacto imediato à comunidade cientifica da area por demonstrar como é eficaz o trabalho conjunto entre esses dois profissionais. E tal prática pode ser aplicada de imediato, necessitando apenas do recurso humano disponivel, o que acontece com bastante frequencia em centros de especialidade médica tanto privados quanto públicos.

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